Câncer e saúde mental: paciente oncológico tem maior predisposição para desenvolver depressão

O impacto do diagnóstico de um câncer é sempre muito forte tanto para a pessoa como para os seus familiares, já que, apesar de todas as informações, a doença ainda é carregada de mitos e medos, principalmente, na sua relação com a morte. Esse misto de sentimentos e emoções se tornam gatilhos e podem desencadear transtornos psicológicos, em todos os envolvidos, que necessitam de atenção.

Por isso, realizar acompanhamento psicológico é fundamental desde o diagnóstico, durante e até após o tratamento. O objetivo é auxiliar o paciente a lidar com o momento em que ele está vivendo e evitar que, principalmente a depressão e a ansiedade, comuns neste momento, se agravem e que ele possa lidar da melhor maneira possível com sua dor emocional.  O mesmo suporte vale também para os familiares. A psicóloga oncológica do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS) e membro da Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia, Rita de Cássia Rezende Maciel, explica: “O acompanhamento psicológico especializado possibilita ao portador de câncer desenvolver ferramentas para lidar com as situações e os efeitos negativos da doença”.

Não apenas o paciente, mas também seus amigos e família se abalam com a chegada do inesperado diagnóstico. Então, a especialista do IOS relata que dentro desse processo essas pessoas queridas também merecem uma atenção especial, visto que o apoio é importantíssimo. “Todas as pessoas envolvidas com o paciente formam uma rede de apoio fundamental. Assim há a necessidade também do suporte e orientação psicológica”.

Quadros depressivos podem ser agravantes em pacientes oncológicos, dificultando o tratamento pela falta de disposição, otimismo e confiança. A vida parece se “arrastar” e o negativismo toma conta. Segundo a especialista Rita, os transtornos de humor podem ser desenvolvidos seja no diagnóstico, durante ou pós-tratamento e os maiores motivos para serem desencadeados são: diagnóstico anterior, histórico na família, ausência da família ou amigos e dificuldades financeiras.

A psicóloga oncológica ainda aconselha que o melhor a se fazer para ajudar uma pessoa em depressão é oferecer-se para sua real necessidade, estar atenta às medicações e consultas médicas, respeitar os sentimentos externados, mesmo que não concorde com eles. “Aceite o silêncio e a tristeza quando ela se manifesta e a pessoa não quiser conversar. É fundamental saber ouvir e não se preocupar tanto em falar. Tenha paciência, tolerância, evite comparações e críticas, já que isso leva também ao sentimento de culpa. Saiba acolher e incentive a pessoa a conversar com o seu médico oncologista sobre os sentimentos”. É importante lembrar que a vida é maior do que o câncer.

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